Hoje o dia passou arrastado, foi como
se os segundos não acompanhassem o tic-tac do relógio.
Mesmo antes de acordar, senti o tempo
descompassar vagarosamente, transpassar as cobertas, tatear o meu
corpo, como se o medisse em palmos. Ele foi me atravessando, era
impossível dormir.
Parei de lutar com as circunstâncias
e despertei. Assumo ter tentando ludibriar meus instintos, maquiado
algumas situações, mas ele não perdoa, hora ou outra submergiria
uma verdade aqui outra acolá.
É tempo de acertar o compasso,
vislumbrar outras conquistas.
Aceitei todas as prerrogativas e
mesmo os riscos inerentes ao livre arbítrio.
Penso em nunca esgueirar-me por entre
vielas, decidi não vivenciar somente as certezas que a vida propõem,
decidi não apelar ao passado para justificar algumas escolhas.
Nem todos os quereres são passíveis
de explicação. Eu simplesmente me abstenho, deixo em aberto o
entendimento, tal como as escolhas, são livres.
Tic-tac, que não seja hoje, mas o
mesmo tempo que me corre as cobertas, que me atravessa o peito, vai
lhe ser pontual.
Ele nós faz acreditar em pôr dos
sóis mais ensolarados.
Aline Félix
22/05/2013.