A nova onda é ser
revolucionário, lutar por causas para além dos muros de casa. E
todos batem no peito, reafirmam suas causas. Mas pelo que você
luta? Quais são seus ideais? Até onde vai o seu espírito
libertário?
A revolução termina
quando você levanta a bunda da cadeira e desliga o wi-fi. Termina e
começa com o levantar.
Suas posições são
firmes, leu alguns livros de história é “engajado” político,
discute sociologia, filosofia no buteco, ou de buteco, vai saber.
Os propósitos do
outro? Ah! Sempre desmedidos, irracionais. Sua máxima maior: “Não
somos obrigados!” E eu concordo, não somos obrigados a ter passos
guiados, vontades direcionadas, a seguir caminhos outros que não os
que traçamos. Não somos obrigados a nos manter no sistema.
Mas você não se
mantém no sistema. Fizeram com que o engolisse, sem um gole d´água
para ajudar a descer. E você engoliu, sem cara feia, tem engolido
tudo que lhe vomitam por ai, um ou dois copos de cerveja as vezes
ajudam. Não é mesmo?
Quanta ironia, falo de
revolucionários. Não vejo rupturas, sequer vejo frestas, o discurso
polido, a (des)orientação política, valem mais que a borra dos
meus cafés, pois não paga a média simples do peão de obra, do
operário da construção civil se bem quiserem, o cafezinho da
tarde.
Sei de suas
insatisfação, acho mesmo que decorei alguns dizeres. “Não somos
obrigados!”. E ai? Depois da postagem impactante, da nota de
jornal, da feitura de cartazes, dos gritos de ordem, das fotos no
instagram. E ai? Cadê a revolução para além do discurso polido e
das postagem em redes sociais?
As revoluções começam
no café da manhã quando já se cansou da média simples, ela lhe dá
asco e um belo dia conclui não ser obrigado a esse café, que merece
mais e passa a tomar chá.
Parece mesmo engraçado,
mas o chá trouxe mudanças no paladar, você agora sente outros
gostos.
O moço do chá
companheiro é um revolucionário. E você? E eu? Somos o que para
além dos discursos?
E ai? Qual a mudança?
O sistema é uma merda e você tem se atolado até o pescoço. Até
quando? Sabemos que não é obrigado.
E ai? Até quando?
Aline Félix
25/10/2013