Pulsão, movimento, primordiais para qualquer esboço que você faça, essencial a arte final, a vida!
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domingo, 16 de junho de 2013
LEVANTE
Acorda Brasil
Não são os centavos
O caos na saúde
Os desvios de verba
A pasmaceira legalista pouco efetiva
A morosidade do Judiciário
O legislativo que trava guerras particulares
Não tô falando das obras aprovadas sem licitações
Afinal, somos o país do futebol
As Olimpíadas estão para acontecer
E o papa vem ai
Acorda Brasil
Não tô falando da aprovação do código do desmatamento
Não tô afim de discutir o estatuto de proteção ao estuprador
Não quero falar das beneficies estatais e sua política assistencialista
Dessa vez não vou discutir reforma agrária
Deixemos de lado os Gurani Kaowá
Quem vai ou quem fica
Terra de índio ou de branco
Não vou discutir propriedade
Acorda Brasil
E se a mídia assim quiser
Que mostre o levante dos vândalos a ação heroica e dantesca da polícia
Vivemos em um estado de exceção maquiado
Grande estado democrático
Relembramos o AI-5
Pois as manifestações tem hora e lugar para acontecer
Já decidiram os doutos magistrados nas Gerais
Acorda Brasil
Vamos estear nossas bandeiras
Ultrapassar a história de país colonizado
Somos livres para servir a nação, a nação!
Somos livres para dizer não a representação antidemocrática
Somos livres e queremos nossos direitos para além dos textos polidos
Acorda Brasil
De terno ou gravata
Chinelos e jeans
Correndo para fora das nuvens de fumaça
Desviando as ideias das arma em riste
O Brasil se levanta.
14/06/2013
Fonte Fotografia:http://noticias.band.uol.com.br/cidades/noticia/?id=100000606700
quarta-feira, 5 de junho de 2013
Carnaval, carnaval...
Não
entendo o destino
Deixou-nos
a mercê
Eramos
só estranhos
Sem
vontades a convergir
Estranhos
Eram
outros os anseios
Eu
queria o samba
Sambar
até perder o compasso
Perder
o passo
O
caminho de casa
Esquecer
das mazelas
Perder
o foco
Encontrar
outros propósitos
Desmedidos,
fugazes...
Um
amor de carnaval
Um
amante latino
Deleitar-me
entre um samba e a bossa
Na
quarta-feira tomar cinzas
Confessar
os pecados da carne
Poderia
até me redimir
Mas
nesse carnaval
A
folia cessou
Mas
os tambores ainda repicam
Eu
subi as ladeiras
Desci
morro abaixo
Olhei
noutros olhos
Perdi
meus propósitos
Dancei
contigo
Eu
me perdi no encontro
Perdi
o tino
Tenho
perdido o ar
Entre
o repique do atabaque
O
ressoar do tamborim
Vou
me perdendo
Rasuro
a partitura
Sigo
sentindo outras melodias
E
se vibro
Paraliso
os nervos
Vou
me perdendo
É
perder para reencontrar
Mas
o compasso desacelera
Reverbera
notas de outrora
Nosso
samba toca em outros terreiros
Vamos
perdendo ritmo
Mudando
o tom
Descompassando
Ela
já não dança mais
Decidiu
aquietar-se
Afinar
os acordes do bandolim
Ela
já não dança mais
Espera
por carnavais fora de época.
Aline
Félix
05/06/2013
segunda-feira, 3 de junho de 2013
Marcas
Hoje me olho no espelho e os traços
no meu rosto cada vez mais desenhados, se antes eram esboços de
minhas expressões mais corriqueiras, hoje elas acenam ao longe,
contam um pouco da minha história, dos amores as crises de ódio, da
dor a felicidade que vez ou outra estampam os sorrisos.
Carrego com orgulho, cada traçado no
rosto, marcas de toda uma vida. Não quero maquiar, fingir idade,
ludibriar o tempo com pós, bases, blushes, nada disso. As marcas no
meu rosto contam mais de mim do que eu mesma sei, conversam em
silêncio entre si. São como pontos de luz.
A tempos atrás, aparentemente mais
jovial, com o sorriso mais puro, o olhar festivo de quem pouco sabe
de si e tem sede de descoberta procurei desbravar outros mundos,
subir em outros muros que não os de casa.
Seguimos assim, em cima dos muros,
aqui, acolá, margeando a dor, vivenciei as primeiras paixões, fui
desenhando sem rascunho. Aceitei o esfumaçado das olheiras, as
dúvidas que sempre esboço com o erguer de sobrancelhas, a paralisia
facial diante da frustrações cotidianas ou mesmo da surpresa em
saber-se apaixonada.
Não faço diferente hoje, posso não
expressar em palavras, estear bandeiras, mas minha cara não nega, é
como se escrevessem a nanquim todos os nãos e sins que vou dizer, ou
mesma a dúvida.
Nego três vezes a ideia de
desprender-me das linhas do meu rosto, de uma identidade construída
dia a dia, de fingir dor, de trair meus sentidos com expressões
ensaiadas.
Somos todos uma chuva de emoções,
mas alguns de nos tem medo de molhar e escondem-se embaixo de
marquises, a contraluz.
Eu acredito continuar subindo em
muros, olhando através das janelas, pulando-as se preciso, vou
marcando a nanquim minhas alegrias, as frustrações cotidianas,
desenhando em definitivo outras tantas linhas de expressão.
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