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domingo, 17 de junho de 2012

Segredos azul anis


Para além das palavras
Segredos cor de anil
E se ecoa? São só versos
Revirando, dando forma ao indizível.

Arte abstrata
Diagrama imperfeito
Elas vão surgindo
Derramando-se
Miscelânea de sensações

A palavra derradeira?
Silêncio

O verso?
Esse teima em delatar-me

Mas não há verso, prosa ou poesia
Sensações ininteligíveis

O ápice da compreensão não tem forma
É o gozo das manhãs tardias
O desacelerar confuso das estações
É nascer e morrer numa só badalada.


quinta-feira, 7 de junho de 2012

Sem amarras

Se crio, distorço, invento e escarro
Jogo fora as liras
Duas gramas de emoção
Esse coração polido, partido, rechaçado.

Vou embora para outros cantos
Nos arredores do Brasil
Lá, onde o eco não ecoa.
A voz não cala
Reverbera dissonante
Repica sem assombro
Livre, opulenta...
Sem disfarces, sem versos a emendar olhares.

Ela é livre
Livre para calar
Livre em desdizer, em contradizer.

Ela anota alguns tons
Desafina, mas não perde o compasso.
Ela é livre para amineirar-se como bem entende
E se não entende, deixe estar...

Ousadia demais é crer saber de tudo
Sabido mesmo é aquele que se acha ignorante
No fim, caladim no seu canto.
Sabe bem mais que imagina saber

06/06/2012

domingo, 3 de junho de 2012

A Lua


Da janela
Vozes, faíscas e pressentimentos.

A lua faceira
Sorri maliciosa
Recusa a dança
Faz gracejos, rodopia e dança sozinha.

Sem cerimônias faz lisonjas e se retira
Enigmática, emudece a plateia.
Consterna o casal indiferente
Desaparece, entre nuvens...

Meretriz da noite
Alcoviteira
Invade o quarto
Sem meios termos ou divagações
Resplandece
Toma de lance os segredos, o corpo, meus versos

Ah lua, feiticeira despudorada.
Toda noite acompanha meus passos
Desacelera, esconde a face...
Embebeda-me

Eu, passo os dias atordoado
Nostálgico, esperando para ciceronear-lhe mais essa vez.
Mais essa noite.


03/06/2012

*Fotografia: Ramon Freitas Santos