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terça-feira, 20 de novembro de 2018

AMOR


Meu amor não tem eira
Beira, cor ou etnia
É livre
Qual navio a deriva mar afora
Plana sem arbítrio

Meu amor não tem beira
Não cabe em formas
É o que é

Sem espaços prévios que possa ocupar
Ocupa

Peitos vazios
Latifúndios sanguíneos

Ele é o que é
E pulsa, e estremece, e ama
É o que é

Não segue coordenadas, diretrizes de bem viver

O meu amor apenas ama
Sem fórmulas mágicas
Sem cartografia, não se localiza em mapas
Não se justifica pelos astros ou pela alquimia
O meu amor é rarefeito
E se expande
Para além do peito
Para além dos beijos, dos corpos, das dores
O amor é rarefeito e toca melodicamente os incautos
O meu é
Sem motivo aparente AMA.

Aline Félix
20/11/2018

quarta-feira, 23 de maio de 2018

Abraços

Arritmia
Tensão nervosa
A adrenalina corria o corpo
Sensação de anestesia 


Tudo pulsava
Mãos suadas
Vacilos cardíacos
Dislexia
Desencontro entre ação e sensação

Tudo pulsou
Seguiu sem direção acertada
Fluiu, derramou-se

Instante de anestesia auditiva
Perda visual
Foi tudo tumulto
Escuridão que ofusca
Reacende o verbo
Da voz, mas se cala

Transgride

Foi tudo poesia
Abraço sanguíneo
Como tenazes

Deleito-me

Foram horas perdidas no tempo
Um desacelerar de braços e abraços

E tudo pulsou
Fez vendaval
Faz poesia

Noutros braços
Outros abraços. AF

terça-feira, 15 de maio de 2018

HUMANO



Todo esse sentimento
Não me corta
Atravessa
Rompe-me física e mentalmente
Todos os meus anjos e demônios tem sido expurgados

Dia a dia

Todo esse sentimento
É corredeira de rio caudaloso
Buraco negro
Abismo sem fundo
Pulsa, vibra, transborda, enlouquece...

Minhas sinapses não fazem mais ligações nervosas
Eletrocutam-se
Na condição de humano
Todos os sentidos tem se apurado na dor
Penso e acredito na passagem das horas, do tempo, dos sentidos, do sentir

Ah, como é efêmera essa vida
O prazer e a dor sempre compassas fiéis a esgueirar-se
Juntos, de mãos dadas

E qual sentido em todo esse sentir?
A humanidade que tanto me fascina
Hoje? Transborda.

Aline Félix
15/05/2018







terça-feira, 13 de março de 2018

Sopro de Luz




Perdemos tempo com o desamor
Deixamos de ter bons momentos
Para provar alguma razão
Usamos o tempo do outro como nosso
Deixando-o na espera
Criando expectativas que não iremos corresponder
Gastamos energia demais para provar o amor que não existe

Perdemos tempos de vida
Exaltando a si mesmo e nossas convicções
Quando o silêncio é a solução
Quando o deixa a vida seguir seu prumo traria leveza
Mas optamos em brigar pelo amor que não temos
Por certezas inabaláveis
Por conquistas materiais
Quando o amanhã é totalmente incerto

Ainda sabendo do livre arbítrio
Da vontade que pulsa
De que se doer
Faz parte e vai passar

Perdemos tanto tempo em orações
Para mudança do outro
Quando o outro tem sua verdade

Perdemos tempos de vida
Sabendo que nada é eterno
Mas você pode ter felicidade em dias nublados
Olhar por outras janelas
Romper fronteiras de outros países

Perdemos tempos de vida
Quando a vida é um sopro de luz

Aline Félix, 13/03/2018

sexta-feira, 2 de março de 2018

Outono

Vai se despedindo o verão
Vagorosamente

Ah, essa garoa
Vem lavar esse peito que grita
Tempesteia
Faz os dias menores
Noites extensas 


Meu peito é redenção
É chuva em noite de lua cheia
Poesia presa na garganta

Em todas essas noites de outono
O pensamento se esgueira por entre vielas
Noite adentro

Tudo é introspecção
Do vinho tinto
Aos diálogos mentais comigo mesma

O outono é preparação
Vem para sagrar a terra
Ameniza os ânimos e o clima

Sorrateiro
Lava minha alma

Ao fim se despede

Sem delongas

Dorme noites mais tranquilas

02/03/2018

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

Silêncio



Hoje somos silêncio
Paz às avessas
O tempo escorrega pelas cobertas
Todas as manhãs a mesma sensação

E silêncio

Ele ecoa, vibra, pulsa
Sinto correr pelas veias
Frio, plácido, sanguíneo

Reverbero silêncio
Não há grito mais ensurdecedor

Antes o caos

Ouvir-se é guerrilhar consigo
Hastear bandeiras brancas sem sucesso
Rogar pelo fim das batalhas

É querer paz e ser guerra
É rasgar-se por dentro e não encontrar sentidos
É ser avesso a si mesmo
É incompreensão
É lutar e não desistir
É aprender a ser amor e ser melhor

O silêncio me inunda, transborda, precipita

De mãos dadas comigo
Sem tréguas
A mais difícil caminhada é o autoconhecimento.