Beatriz é mulher de fibra, daquelas que garra o touro a unha e não solta, nem se o touro resolve dar
de cordeiro.
Desde menino tenho o sonho de casar mais ela.
Na infância, brincávamos soltos campo afora, subia em árvore, atravessava rio, caia, lascava o
dedão do pé e ralava os joelhos dia sim e o outro quem sabe.
Para Beatriz nunca houve tarefa impossível.
Se era para subir na árvore mais alta. Aff...Essa minina batia os pés, cuspia nas mãos e se
equilibrava tronco acima.
Os meninos da rua, tinham inveja dela, logo quando se mudou para sítio vizinho, era só ela de
minina e um mundo de outros meninos homens.
Beatriz não poderia ser só uma menininha, ela nunca seria aceita, ela teve de ser uma menina
mulher. E como mulher menina aprendeu rápido que seria posta a prova a todo tempo.
Ela provou que subir em árvores não é coisa de menino, mas coisa de quem quer pousar no alto
como os pássaros.
Que futebol não é jogo só de homens, que a menina também pode brincar de correr, se descabelar e
sujar o rosto de poeira. Ensinou que brincar de comidinha não era brincadeira de minininha e que
meninos não são menos meninos por que aprenderam a acender o fogãozinho de lenha que
montávamos no fundo do quintal da avó.
Numa dessas tardes, jogávamos bolinha de gude e conversa fora. Lá longe, atrás da cerca do Zé
Maria, veio uma pessoinha de boina azul e coturnos pretos, até achei que era filho de algum dos
peões novos que chegavam para trabalho de temporada. Não era nada, era Beatriz, ela ganhou de
um tio da cidade o coturno preto e a boina azul.
Chegou cheia de si, mostrando os presentes novos para os amigos. Bentinho, filho do seu João da
mercearia, já olhou torto para Beatriz, disse que coturno é coisa de menino e menina de família
nunca que poderia ficar correndo solta, ainda mais vestida assim.
Beatriz ofereceu os coturnos para Bentinho, ele calçou, correu, deu uns pulos e disse alto: “ Viu que
coturno é sapato de homem.” Beatriz, como não é boba nem nada, pediu de volta os sapatos, calçou,
correu, pulou e afirmou: “ Sapatos são sapatos, você que resolveu que coturnos são de homens, pois
esses são meus...”
Depois disso, deu de bandas e foi jogar bolinha.
Fiquei com essa frase na cabeça: “ você que resolveu que coturnos são de homens, esses são
meus...”
Pois não é que Beatriz estava certa, eram dela. E coturno pode calçar minino e minina.
Beatriz, como todos os outros, corria livre, apesar da censura dos pais e da tacanhice repassada de
pai para filho, mas logo, logo, ela se fazia por si mesma, sem precisar provar mais nada.
Fomos crescendo e a braveza daquela mulher fazia-me suspirar campo afora. Umas vezes suspirava
de cansado mesmo, por que não era fácil acompanhá-la, outras era só encantamento.
Beatriz na sua meninice ensinou tanta coisa. Coisa que não se aprende nos bancos da escola, coisa
que meu pai nunca tinha pensado, e se pensasse guardava para ele.
Aprendi que não existe brincadeiras de minina e minino, que eu posso fazer todas as coisas que
falam que é só coisa de minina. Azul é só mais uma cor do arco iris, e que mininas vestem azul.
Rosa , não tem no arco iris, mas posso colorir de rosa tudo que quiser, inclusive tenho uma camiseta
rosa.
Beatriz, mostrou que mininas empinam pipas, jogam bola, sobem em árvores, brincam de casinha e
nem sempre querem ser a princesa.
Noutro dia, chutei uma pedra. Doeu, doeu, corri para trás do muro para chorar, não queria que
ninguém visse. Homem não chora, dizia meu pai. Não entendia muito bem, por que vez ou outra
escutava uns barulho estranho do quarto, um gemido, bem acho que ele chorava, mas chorar não é
coisa de homem.
Beatriz correu para ver por que eu demorava a voltar. Tava eu lá, agachado no chão com a cabeça
entre as pernas.
- Achei o você Jonas, já pode sair e eu lá com a cabeça enfiada entre as pernas, parecia que meu
olho tava furado, por que descia era água.
Beatriz viu meu dedo ferido, agachou do meu lado, me deu um abraço e disse para não ter
vergonha, todo mundo chora e bem deve ter doido essa topada. Eu ri, apesar da dor. Relutei em
erguer a cabeça, mas ela fez isso por mim. Limpou meu rosto, soprou meu dedo, deu as mãos para
que me reergue-se e os ombros para eu apoiar.
-Deixa de bestagem Jonas, você já me viu chorando leras de vezes.
Jonas: Mas eu sou homem, homem não chora
Beatriz: Chora sim, você tá chorando e continua a ser menino homem. Não tem diferença, homem
chora e sente dor igual, dor no corpo e dor na alma.
Dor na alma, isso ficou gravado. Acho que minha alma nunca doeu. No dia fiquei meio sem
entender, mas hoje sei bem quando minha alma dói.
Eu cresci, virei homem de fato. Chorei tantas outras vezes e continuei homem. É, Beatriz tava certa.
Quando fizemos 12 anos, os pais dela mudaram do campo para cidade. Eu fiquei, foi quando
apreendi como é sentir dor na alma. E doía tanto, tanto... Que eu preferia perder a tampa do dedo,
de todos os dedos mil vezes a sentir essa tal de dor na alma.
Eu tentava pensar em outras coisas, correr bem rápido campo a fora, cansar muito o corpo, para
esquecer da dor. E nem assim...
Eu tinha saudades. Mãe achou que eu tinha era verme uma época, fiquei amuado, vivia pelos
cantos, não queria brincar com os outros mininos e nem nada.
Beatriz sempre vinha nas férias, e eu sempre esperava, mais que natal e aniversário. Era o
acontecimento do ano, do meu ano.
Eu virei rapaz e ela moça, apesar da distância, do tempo que ficávamos sem nos ver. Sempre
tínhamos papo para varar a noite. E fomos crescendo. Ela já moça com contornos de mulher, uma
belezura que só...
Ai Deus, antes bastava estar perto, contar as novidades, mas eu queria mais... E a queria tanto!
Mas Beatriz, menina mulher arretada, dona de si, sempre desbravando novos horizontes,
atravessava oceanos.
Beatriz me ensinou desde criança que mulher é posta a prova dia a dia, toda a hora.
E eu tinha um pouco de medo, não sabia lidar com o mundo de mulher que ela havia se tornado. As
vezes achava não ser suficiente para ela, meu pai sempre disse a vida toda que mulher anda no
cabresto. Não entendia e também não concordava com ele.
Também , mesmo que quisesse e concordasse, Beatriz não é mulher de cabresto.
Já com certa idade, fui para cidade concluir meus estudos, como pai e mãe diziam, fui virar
“douto”.
Beatriz ajudou bastante, apresentou-me o mundo, suas mazelas, aventuras e muitas desventuras.
Íamos juntos para faculdade, e cada vez mais nossos laços se estreitavam. Entre cafés da manhã e
jantares, levava para cama todo o sentimento do mundo, dormia abraçado com meu bem querer,
dormia.
Beatriz, causava-me o mesmo encantamento de quando eramos crianças. Ela desbravava horizontes,
descortinou o meu verso, ensinou que somos livres por natureza e que muita gente quer colocar o
outro numa forma, ditando a forma de vestir, de falar, de portar-se.
Mal sabem que felicidade maior e ser livre, livre para pensar, falar e fazer tudo que der na veneta.
Ah, minha alegria é saber que Beatriz é pássaro que voa, mais a felicidade do mundo eu senti
quando descobri que Beatriz poderia voar para o mundo todo, mas escolheu posar do meu lado.
Texto finalizado em 31/07/2014
Aline Félix
Pulsão, movimento, primordiais para qualquer esboço que você faça, essencial a arte final, a vida!
Número de acessos
domingo, 17 de agosto de 2014
quinta-feira, 5 de junho de 2014
PAZ
A minha paz
Trás o caos necessário
Desmonta fortes
A paz que preciso
Trás o caos em doses
homeopáticas
Leva consigo meu
desamor
Melhora meu riso
Da cor ao acaso
Faz quente os dias
nublados
Faz sol de varanda
Sombra do meio dia
Canta dissonante ao pé
do ouvido
Clareia meus versos
E se desfaz
Tal qual o poente
Dorme comigo
Amanheço pendente
Faltosa
É o caos necessário
A paz que preciso
Arranca versos soltos
Desalinha o horizonte
Quebra discursos feitos
Se mostra
Toma o caos em seus
braços
Acolhe a dor e o
delírio
Sem arroubos de prazer
A paz que preciso
Descortina o verso
Descortina o caos
Faz em mim poesia.
24/01/2013
terça-feira, 27 de maio de 2014
Linhas mal traçadas
Saia da forma
Jogue-se
Não!
Sente-se com modos
Não grite
Vc não pode rugir
Ressoe as palavras
Querem-na fluida
Fluida e demarcada
Rio em canal de cimento
Barragem de rejeitos
Você não precisa
anuir
Silencie
Aprenda a não intervir
Mulher não entende
Ouve isso toda uma vida
Ainda não entende
É difícil colocar-se
em seu lugar?!
Desde a tenra idade
Aprendeu que menina não
se expõe
Deve ser contida,
recada
Dar-se o respeito
Não pule, não grite,
comporte-se
Demarcaram seus passos
Furaram suas orelhas
Hoje já crescida
Querem-na mulher
Mulher para casar
Contam seus parceiros
Contam seu prazer
Cortam sua onda
Mulher
Desalinhe-se
O gênero não lhe
define
Sem formas ou patentes
Seja branca, seja negra
Ser mulher é
autoafirmar-se todos os dias.
quinta-feira, 24 de abril de 2014
Ser...
Ela se veste de
certezas
Maquiagem perfeita
Faz do passado bússola
Direção, diretriz
Mas seus delírios
Devaneios de fins de
semana
Estes são pontuais
Vira e mexe
Clareiam horizontes
Desequilibram a rotina
O verso sem rima
O poema sem vida
Ela se veste de
certezas
Opta pelo passado
Intenso, vivido,
passado
Tem escolhido rememorar
laços inexistentes
Reviver a dor
Maquiar o riso
Ela devia despir-se
Arrancar do peito a dor
Criar outros laços
Desfazer-se de outros
tantos
Quem sabe não escolhe
Viver toda a dúvida
Desfazer-se da dor
Ser nuvem passageira
Sol da manhã
Fazer-se poema
Alforriar-se de si.
quarta-feira, 12 de março de 2014
Ela
Assim
Efervescente
Ela pulsa
E tudo é tão pouco e
tanto
É vasta
Intensa
Tensiona ser livre
Romper com a dor
E ser só poesia
Ela recorta horizontes
Desenha em nuvens
E flui, sem direção
definida
E sente, e pulsa,
liquefaz-se
Tem dentro de si
Um vulcão em erupção
E hoje é sempre
E nada mais
E nunca mais
Ela é movimento
E vibra
Assim em descompasso
E hoje é sempre
Sempre o último dia
24/12/2013
quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014
Tempo
O tempo parou
A anos atrás ele parou
Sem tictac´s
Divaga entre espaços
Entre frestas de
consciência
Ele parou
É só poeira
Poeira de tempo
Jogado, controverso
Debate-se em mim
Batuque pontual
Uma nota só
Ele precisa desacelerar
Tocar outros sons
Sentir outras músicas
(Des) cadenciar
Perder-se em ritmos
Noutros gostos, outros
sons...
Ele fica assim
De olhos parados
Tentou acompanhar
ritmos que não o seu
Desbravar terras de
outrem
Sem tic's ou tac's
Não quer ser nota
Não quer ser tempo
De olhos parados
Ele quer encontrar-se
consigo outra vez
03/02/2014
domingo, 22 de dezembro de 2013
Pagú
Feliz
Feliz
Lasciva
Todos a querem
Seu corpo, seu verbo
A carne que lhe apraz
Ela te assusta, surpreende
Revira, entorta e não se conforma
Puta, vadia, perdida é o que dizem
Na frente de batalha
Ela trava guerras diárias
Luta por ser quem é
Luta para ser quem é
Rompe amarras
Quebra grilhões
Foge aos padrões
Querem aprisioná-la
Prendê-la num forte
Massificar-lhe as ideias
Vesti-la com pudor
Restringi-lhe as palavras, o passo, o verbo
Querem-na mulher
Mulher de respeito
Não pode gritar
Não pode fugir
Uma mulher de respeito
Sabe do seu lugar
Bate continência
Aceita sua condição
Ela não
Ela é livre
Alforria-se a todo momento
Bate de esquerda
Assume-se mulher
Mulher fora da forma
(Des)engessada
Recorta caminhos
Traça suas rotas
Desanuvia-se
É verbo sem forma definida
É movimento
É o que quiser ser
Ser mulher é alforriar-se todos os dias
Feliz
Lasciva
Todos a querem
Seu corpo, seu verbo
A carne que lhe apraz
Ela te assusta, surpreende
Revira, entorta e não se conforma
Puta, vadia, perdida é o que dizem
Na frente de batalha
Ela trava guerras diárias
Luta por ser quem é
Luta para ser quem é
Rompe amarras
Quebra grilhões
Foge aos padrões
Querem aprisioná-la
Prendê-la num forte
Massificar-lhe as ideias
Vesti-la com pudor
Restringi-lhe as palavras, o passo, o verbo
Querem-na mulher
Mulher de respeito
Não pode gritar
Não pode fugir
Uma mulher de respeito
Sabe do seu lugar
Bate continência
Aceita sua condição
Ela não
Ela é livre
Alforria-se a todo momento
Bate de esquerda
Assume-se mulher
Mulher fora da forma
(Des)engessada
Recorta caminhos
Traça suas rotas
Desanuvia-se
É verbo sem forma definida
É movimento
É o que quiser ser
Ser mulher é alforriar-se todos os dias
quinta-feira, 5 de dezembro de 2013
Corpos
Queria sim
Percorrer o corpo
Labirinto secreto
Ir por todos os
caminhos
Perder-me
Entre curvas e
ondulações
Eramos um
A revirar-se
Descompassando ritmos e
cadências
Fluindo
Pulsando
Corpos em êxtase
Vibramos no mesmo tom
Num gozo intermitente
Catalisador de
sensações
Não sei se quente ou
frio
Mas vivo, pungente
Chocante
Vou-me diluindo
Desfazendo a matéria
Volatizando
Liquefazendo
Amanhã de manhã
Somos dois
Nos refazemos do caos e
da dor
Matéria bruta
Em estado de completo
êxtase.
terça-feira, 19 de novembro de 2013
Fim
Acabou a poesia
Não passo pelo marco
azul
Engoli o adeus
Todas as aspas
Sem tinta
Catártica
Mergulhada no êxtase
da negativa
Nem toda a cumplicidade
Nem o querer inusitado
As noites não dormidas
aos bons dias
O correr do tempo
O estalar da realidade
Nada disso
Foi o fim da poesia
Sem tinta
Ao léu
Palavras esparsadas
Desconexas
Reverberam insistentes
Dialogam entre si
Noutra língua que não
a nossa
Outros papos que não
os seus
Desencontro
Num lampejo qualquer
Ela volta com seus
escritos.
quinta-feira, 24 de outubro de 2013
Modinha
A nova onda é ser
revolucionário, lutar por causas para além dos muros de casa. E
todos batem no peito, reafirmam suas causas. Mas pelo que você
luta? Quais são seus ideais? Até onde vai o seu espírito
libertário?
A revolução termina
quando você levanta a bunda da cadeira e desliga o wi-fi. Termina e
começa com o levantar.
Suas posições são
firmes, leu alguns livros de história é “engajado” político,
discute sociologia, filosofia no buteco, ou de buteco, vai saber.
Os propósitos do
outro? Ah! Sempre desmedidos, irracionais. Sua máxima maior: “Não
somos obrigados!” E eu concordo, não somos obrigados a ter passos
guiados, vontades direcionadas, a seguir caminhos outros que não os
que traçamos. Não somos obrigados a nos manter no sistema.
Mas você não se
mantém no sistema. Fizeram com que o engolisse, sem um gole d´água
para ajudar a descer. E você engoliu, sem cara feia, tem engolido
tudo que lhe vomitam por ai, um ou dois copos de cerveja as vezes
ajudam. Não é mesmo?
Quanta ironia, falo de
revolucionários. Não vejo rupturas, sequer vejo frestas, o discurso
polido, a (des)orientação política, valem mais que a borra dos
meus cafés, pois não paga a média simples do peão de obra, do
operário da construção civil se bem quiserem, o cafezinho da
tarde.
Sei de suas
insatisfação, acho mesmo que decorei alguns dizeres. “Não somos
obrigados!”. E ai? Depois da postagem impactante, da nota de
jornal, da feitura de cartazes, dos gritos de ordem, das fotos no
instagram. E ai? Cadê a revolução para além do discurso polido e
das postagem em redes sociais?
As revoluções começam
no café da manhã quando já se cansou da média simples, ela lhe dá
asco e um belo dia conclui não ser obrigado a esse café, que merece
mais e passa a tomar chá.
Parece mesmo engraçado,
mas o chá trouxe mudanças no paladar, você agora sente outros
gostos.
O moço do chá
companheiro é um revolucionário. E você? E eu? Somos o que para
além dos discursos?
E ai? Qual a mudança?
O sistema é uma merda e você tem se atolado até o pescoço. Até
quando? Sabemos que não é obrigado.
E ai? Até quando?
Aline Félix
25/10/2013
quinta-feira, 17 de outubro de 2013
Catavento
Ela desliza entre
hélices
Num giro suave de quem
não sabe onde ir (?)
Ela foi se enveredando
Entre becos e vielas
estreitas
De olhos fechados
Escolheu seguir
De olhos fechados
Soprou para leste
Dispensou os sentidos
Sem caminhos traçados
ou fronteiras definidas
Bebeu do meu copo
Provou outros gostos
Mediu outros corpos
Ela desliza entre
hélices
Leve, opulenta
Deixa marcas na areia
Ela também se
desfaz...
domingo, 6 de outubro de 2013
Inacabado
Estagnada
As ideias vão se
perdendo
Apagam-se
Faço de outrora
Ontem e hoje
E se fossem só
lembranças?
O meu corpo ainda pulsa
Caminho em desalinho
Mudei de assunto
Apaguei versos ainda
não escritos
Tenho rascunhado outros
textos
Mas as ideias
O pesar
Todos os desejos
Não cabem nas gavetas
Nos armários da
cozinha
Nas salas, nos quartos,
nos sonetos mal escritos
Não cabem em mim
Assim, distraído
O corpo reescreve a
partitura
Grita, reinventa
Torna latente o verso
inacabado
E tudo reverbera em
movimento
Tudo que não tevê
fim...
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