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quarta-feira, 5 de junho de 2013

Carnaval, carnaval...



Não entendo o destino
Deixou-nos a mercê
Eramos só estranhos
Sem vontades a convergir

Estranhos

Eram outros os anseios

Eu queria o samba
Sambar até perder o compasso
Perder o passo
O caminho de casa

Esquecer das mazelas
Perder o foco
Encontrar outros propósitos
Desmedidos, fugazes...

Um amor de carnaval
Um amante latino

Deleitar-me entre um samba e a bossa

Na quarta-feira tomar cinzas
Confessar os pecados da carne
Poderia até me redimir

Mas nesse carnaval
A folia cessou
Mas os tambores ainda repicam

Eu subi as ladeiras
Desci morro abaixo
Olhei noutros olhos
Perdi meus propósitos
Dancei contigo

Eu me perdi no encontro
Perdi o tino
Tenho perdido o ar

Entre o repique do atabaque
O ressoar do tamborim

Vou me perdendo
Rasuro a partitura
Sigo sentindo outras melodias

E se vibro
Paraliso os nervos
Vou me perdendo
É perder para reencontrar

Mas o compasso desacelera
Reverbera notas de outrora
Nosso samba toca em outros terreiros

Vamos perdendo ritmo
Mudando o tom
Descompassando

Ela já não dança mais
Decidiu aquietar-se
Afinar os acordes do bandolim

Ela já não dança mais

Espera por carnavais fora de época.



Aline Félix

05/06/2013

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