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sexta-feira, 6 de abril de 2012

Espera

*Guerra e Paz, Cândido Portinari 1952-1956

A gente espera... Esperamos na fila do banco, no aeroporto, o sinal vermelho, o troco no mercado, o ônibus para faculdade, esperar, esperar...
Esperamos impacientemente o próximo minuto. Sempre no compasso acelerado do tempo, no descompasso do artista.
Firmamos uma aliança com o tempo antes mesmo da concepção de nossas vidas. Fruto do planejamento, do desajuste, do sexo, da esperança. Mais um rebento no mundo.
Seus pais assistem seu crescimento, os primeiros passos, o balbuciar confuso, a ingenuidade tenra das crianças, seus primeiros conflitos, a descoberta das sensações, o mundo ao seu redor... Tempo, tempo, tempo.
Continuamos a esperar, criando utopias, vivenciando dramas cotidianos. Assim, construindo pontes imaginárias, rebelando-se diariamente contra si mesmo. Nesse compasso a vida aperta o peito e desafina. Cambaleante, força os pés, mantém-se. O amanhã para se levantar, para aceitar o acaso, para viver.
Seguimos assim, esperando o porvir, sem o qual os sonhos seriam ficção, a vontade somente pulsão vazia de sentido. Se for mesmo para esperar. Se viver exige paciência, construção, tempo, movimento. Que a espera acresça, crie, desvirtue os sentidos, desconstrua todas as proposições postas, seja viver a bonança da paz e o desajuste da guerra. Promovendo levantes diários.
Assim, vivendo.

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